Estudos do IAC mostram que os ganhos podem ser alcançados apenas com uma linha de tubogotejador, por linha de plantio, sistema que representa menor custo para o produtor

O Instituto Agronômico (IAC) desenvolveu pesquisas sobre irrigação em laranjeiras, no município de Casa Branca, interior paulista. O objetivo foi quantificar o consumo de água da cultura na região, importante informação para fazer a gestão de recursos hídricos e o planejamento do uso de água na propriedade. Utilizando irrigação localizada, o estudo foi direcionado para avaliar o efeito da técnica na produtividade e qualidade dos frutos no pomar, além de analisar também o efeito de diferentes percentuais de área molhada na produção.

Instalado em pomar de plantas adultas, o estudo apresentou resultado positivo, independentemente da área molhada. De acordo com a pesquisadora do IAC, Regina Célia de Matos Pires, mesmo irrigando apenas 8% da área, houve ganho de produtividade. No primeiro ano de experimentos, o salto foi de 100%. No pomar onde foi desenvolvido o estudo, o cultivo de laranjas sempre havia sido feito em sequeiro. O primeiro ano de experimentação coincidiu com período de déficit hídrico acentuado, condição que explica o resultado tão expressivo para laranjeiras. “Não é comum em citros, no Estado de São Paulo, o aumento de 100% de produtividade, mas ocorreu naquele experimento em função da condição climática do período, que havia sido muito seco”, explica.

Nas culturas perenes, o primeiro ano de irrigação pode não proporcionar resultado positivo. Porém, na citricultura, o déficit hídrico criou condição favorável. No segundo ano, o ganho foi de 20% na produtividade. A diferença no resultado de produtividade nos dois ciclos pode ser atribuída à alternância na produtividade. “A diferença é atribuída também ao fato de, nas plantas de sequeiro, a carga pendente para colheita era bem menor que nas plantas irrigadas e, assim, na época do florescimento, que ocorreu antes da colheita, as plantas em sequeiro investiram as reservas para o próximo ciclo produtivo”, completa Regina.

O aumento médio de 30% na produtividade proporcionado pela irrigação nos citros tem sido observado na região paulista dos municípios de Araraquara, Matão e Casa Branca. “No período da pesquisa, o sistema radicular da planta se adaptou ao pequeno volume molhado, mesmo em situação de estresse hídrico intenso”, diz.

Os resultados mostraram que os ganhos podem ser alcançados apenas com uma linha de tubogotejador, por linha de plantio, sistema que representa menor custo para o produtor. Segundo Regina, no Brasil, é adotada a irrigação por gotejamento em apenas uma linha. A pesquisa buscou comprovar se é segura ou não a adoção deste sistema e também avaliar o consumo de água pelas plantas em condições irrigadas, a fim de estabelecer parâmetros para recomendação de manejo hídrico na citricultura.

“Fizemos o estudo para checar se esta é a melhor solução nas condições de solo da região, lembrando que este resultado está associado a irrigações frequentes e à retenção de água do solo”, diz a pesquisadora.

As irrigações foram diárias e as fertirrigações semanais. Esse sistema permite usar equipamento com menor custo para o produtor. “A porcentagem de área molhada variou de 8 a 29 %, considerando a área total e de 11,5 a 42,1 %, considerando a área de projeção da copa da laranjeira; os resultados positivos foram alcançados com os menores valores de área molhada”, explica.

 

Planejamento de irrigação e do uso de água

O planejamento de irrigação é feito com base na população de plantas, considerando se a cultura é perene ou anual, a necessidade da espécie e da variedade cultivada. “Para fazer planejamento de irrigação é preciso conhecer o consumo de água pelas plantas para viabilizar a gestão dos recursos hídricos na propriedade e nas bacias hidrográficas. Trata-se de informação primordial para fins de liberação de outorgas para uso da água”, explica a pesquisadora do IAC.

“Essas informações são relevantes para os pequenos produtores, que produzem frutos para mesa e precisam do controle hídrico para garantir a qualidade do produto”, afirma o secretário de Agricultura, Arnaldo Jardim. Para os grandes citricultores, os dados são adotados em planejamento do uso de água para obter licença no Estado de São Paulo e manejo da água com promoção de economia de água e energia.

Em irrigação não é possível prescrever uma recomendação estática de manejo. A demanda de água varia muito de um dia para outro, dependendo do clima, que age como bombeador e altera conforme a temperatura, radiação solar, velocidade do vento, umidade relativa e número de horas de sol. “O movimento da água no processo de transferência no sistema solo-planta-atmosfera é dinâmico e por isso requer monitoramento”, resume.

Na fertirrigação, para obter boa resposta e potencializar o uso do sistema, é preciso ficar atento à concentração de raízes na região que fica molhada após a irrigação, chamada bulbo úmido. A pesquisa foi conduzida de 2006 a 2008, em parceria com a Citrosuco e Finep-Netafim, por intermédio da Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola (Fundag).

 

Fonte: IAC – Portal do Agronegócio

Publicado: 20/06/2016

Divulgado: Carlos Lemos

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